Em Costuro Plutão o que lemos é mesmo um tecido. Ana tece, com o fio da voz sincera e entregue de uma mulher brasileira e confinada, um relato duplamente mágico e real. A cada carta de tarot revelada entre os papéis de seu diário, topamos com desdobramentos íntimos que tocam o tempo, o cuidado, a espera e, sobretudo, a verdade sobre aquilo que é possível de se sentir ao longo de uma jornada de autorreflexão. Afinal, para se viver – e para ler? e para escrever? – “é preciso lembrar que o mundo é grande”.

Mais uma vez, como em seu primeiro livro, as imagens são o diálogo inicial com o texto – como leitora, meus olhos passeiam por fontes, desenhos, rabiscos, rasuras e espaços vazios que rascunham uma leitura também em travessia. Costuro Plutão é um livro, mas é antes um lembrete firme e sensível sobre o cuidado – relembra o alívio de poder “curtir a descida, esvaziar”, afinal, “para que eliminar todas as dúvidas” se elas emergem, no texto, com tanta força e ternura?